ELES ESTÃO ENTRE NÓS!
Não adianta negá-lo, os adeptos de Ventura Chega estão entre nós. Sociabilizam connosco. Como ele, são lestos a denunciar e a enfatizar as fissuras da democracia. Asseguram que os políticos são todos ociosos, gatunos e pervertidos. Asseveram que há mais crime em Portugal do que no Brasil. Porém, têm vergonha de assumir as suas opções de voto e, com isso, logram amigos e conhecidos e distorcem as projeções das sondagens. Ventura não será fascista, no sentido académico do termo, embora comungue de vários dos seus princípios e recorra à retórica histriónica, virulenta e falaciosa dos fascistas. Ventura garante não ser fascista, mas, como os fascistas de outrora, é escorado por gente incauta e idolatrado por uma turba de malfeitores e arrivistas. Amaldiçoa as minorias para espicaçar o ódio das turbas (só para despertar a paixão das massas, seria capaz de gazear e incinerar essas minorias em cândidos santuários). Usa a fraude e a trapaça para mascarar os factos. Como os abutres, fortalece-se com a tragédia alheia e as desgraças da nação. Também ele pretende inculcar nos crédulos a imagem de um chefe providencial, ungido por Deus e pela Senhora de Fátima, para guiar Portugal rumo a um passado esplendoroso. Vocifera contra a fuga fiscal e a corrupção, mas ganhou a vida a dissimular fortunas e a ignorar os desfalques de dirigentes do glorioso clube que o tornou mediático. Deseja privar tudo, sugere que a educação e a saúde públicas desbaratam o dinheiro dos contribuintes, mas culpa o Governo por ofender professores, alunos, médicos, enfermeiros e doentes, com a intenção críptica de usurpar os seus votos. Engendrou um cabalístico sistema fiscal capaz de proteger os ricos e de molestar os pobres. Os mais imprudentes, os trôpegos, os oportunistas, por ora, aplaudem o redentor com euforia e altivez. Saberão eles, porventura, que, se um dia Ventura for poder, irá desprezar todos os que o louvaram e transformá-los nos mais miseráveis súbditos?
Autor: Luís Filipe Torgal
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