Contra o esquecimento: perguntas sobre a história e a ideologia da crise
"As causas próximas da bancarrota foram três: a governação irresponsável e perdulária de Sócrates (que já fora o menino querido da direita de 2005 a 2008), a recusa do apoio alemão consubstanciado no chumbo do PEC IV, que obtivera o acordo de Merkel, e os efeitos do disparo dos juros resultado da situação gerada pela Alemanha ao suscitar uma “crise das dívidas soberanas”, tendo como alvo a Grécia. À data do PEC IV, a Alemanha já se apercebera dos efeitos em dominó da “crise das dívidas soberanas” e temia o contágio para a Espanha e a França. Por isso, foi complacente com Sócrates e ficou furiosa com o PSD e Passos Coelho quando este chumbou o PEC IV. Os “mercados” fizeram o resto e a bancarrota era inevitável.
Pode-se sempre dizer que os atrasos endémicos da economia portuguesa e o seu problema estrutural de competitividade estão na base de todas as crises. Mas, dito apenas assim, é um truísmo que não explica a crise de 2011 nas suas diferenças com as anteriores, nem legitima muitas das conclusões que a partir daí se tiram."
José Pacheco Pereira in jornal Público
No comments:
Post a Comment