Thursday, March 24, 2016

Para uma melhor compreensão do Islão

"... A maioria dos muçulmanos pensa que a sharia é divina, mas na verdade é uma construção humana na História. É uma lei construída no século IX, quase 250 anos depois da morte do Profeta."
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Hadiths: "Sim, são uma espécie de dogma manufacturado. Isso pode ser demonstrado muito claramente. Por exemplo, a sharia diz que um apóstata [alguém que abandona a religião] deve ser morto, mas o Corão diz que não há pertença compulsiva ao islão. A sharia diz que a mulher tem um estatuto inferior e deve cobrir-se, mas o Corão diz que homem e mulher são iguais. Há muitos aspectos da sharia que estão em completa contradição com o Corão. Afirmar que a sharia é divina é totalmente ridículo e grande parte do fundamentalismo vem de aceitar a sharia como lei divina."
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O fundamentalismo actual: "vem de uma área muito específica, vem da Arábia Saudita e da ideologia wahhabita. Até 1925, 1930, havia diferentes tradições do islão e pessoas que concordavam com umas e com outras. Havia jihads, mas tinham princípios éticos, eram lutas contra o colonialismo e o imperialismo, com regras claras, era proibido atacar civis, matar mulheres e crianças, matar prisioneiros."
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"Até aos anos 1920, os wahhabitas eram uma seita muito minoritária e as pessoas gozavam com eles, eram considerados fanáticos iletrados sem relevância. Mas esta seita tornou-se na ortodoxia muçulmana. E hoje, há duas questões fundamentais aqui. Por um lado, os muçulmanos aceitam esta ideologia porque reverenciam a Arábia Saudita de forma acrítica. Por ser lá que estão Meca e Medina, assume-se que como o Profeta nasceu em Meca estas pessoas teriam o melhor conhecimento do islão, quando têm o pior. Por outro, as potências ocidentais, a América, o Reino Unido, a França, a Alemanha, apoiaram a Arábia Saudita e os estados do Golfo por motivos económicos e militares, eles compram as armas que estes países produzem. Ao apoiar a Arábia Saudita, ignorando o seu fanatismo, dão-lhes liberdade de acção."

Ziauddin Sardar, in Jornal Público de 07/12/2015
Sublinhados meus. O artigo completo aqui

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